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Você já ouviu falar em botulismo?



A ciência caminha a passos rápidos, mas ainda não conseguiu catalogar todos os tipos de doenças existentes no mundo, em especial, as patologias consideradas raras. Nesse rol, está o chamado “botulismo”, doença infecciosa, porém não contagiosa, ou seja, não é transmissível entre as pessoas. Apesar de ser causada por bactéria, o botulismo só se dá quando a bactéria Clostridium botulinum solta toxinas que prejudicam o organismo.


É raro ver alguém com o diagnóstico de botulismo, mas o médico Paulo Sampaio, clínico geral do Hapvida Saúde, ressalta que essa raridade decorre, em alguns casos, do próprio desconhecimento acerca da doença. A patologia pode ocorrer em pessoas que estão em qualquer parte do mundo. “Os pacientes contaminados apresentam elevada mortalidade e precisam iniciar tratamento rapidamente. O botulismo é, portanto, uma emergência médica”, alerta o especialista. É preciso ficar atentos aos sinais, já que o botulismo não fornece imunização permanente, ou seja, uma mesma pessoa pode ter botulismo mais de uma vez na vida.


Variações


Existem, basicamente, três formas de se adquirir o botulismo: botulismo alimentar, botulismo por ferimentos e botulismo intestinal (também chamado de botulismo infantil). O período de incubação do botulismo varia de acordo com a forma de transmissão.


No botulismo alimentar, como as enzimas já estão prontas nos alimentos, o período de incubação costuma ser curto, na maioria dos casos entre 12 e 36 horas, mas pode variar entre 2h até 10 dias, dependendo da quantidade de toxinas presentes. Já no botulismo por ferimentos, o tempo médio de incubação é de 7 dias, podendo variar entre 4 a 21 dias.


No botulismo infantil, não há informações precisas na literatura médica sobre o período de incubação, pois é difícil identificar quando os esporos foram ingeridos. “Em geral, esse período é mais longo que na forma alimentar, já que os esporos ingeridos precisam primeiro se fixar ao intestino, para depois passarem para forma vegetativa e, somente então, começarem a produção de neurotoxinas”, explica o médico Paulo Sampaio.


Sinais de alerta


O botulismo é uma doença de início súbito e progressivo, caracterizado por sintomas gastrointestinais e neurológicos. As manifestações gastrintestinais costumam ocorrer no início do quadro, mas há exceções. Os sintomas mais comuns são: náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal.


As manifestações neurológicas costumam ser as mais importantes, caracterizadas por uma paralisia muscular que atinge, inicialmente, os nervos cranianos e segue para o resto do corpo. “O quadro é bem parecido com a síndrome de Guillain Barré, a diferença é que o botulismo começa na cabeça e progride de forma descendente, enquanto que no GB a paralisia muscular começa nas pernas e vai subindo”, compara o clínico geral.


O quadro clínico do botulismo por ferimentos é praticamente igual ao botulismo alimentar, exceto pelo período de incubação mais longo e ausência de sintomas gastrointestinais. A febre pode ocorrer também, mas ela costuma ser devido à infecção da ferida e não pela ação direta das toxinas.


O botulismo infantil ataca preferencialmente os bebês e se manifesta, em geral, com constipação e irritabilidade, que evoluem para sinais neurológicos, como dificuldade de controlar os movimentos da cabeça, sucção fraca, engasgos, choro fraco, prostração e paralisias bilaterais descendentes, que podem provocar paradas respiratórias. “A gravidade do botulismo infantil também é variável, podendo haver casos leves caracterizados apenas por dificuldade alimentar e discreta fraqueza muscular, até casos graves com morte súbita da criança”, orienta Paulo Sampaio.


Tratamento


O diagnóstico do botulismo é habitualmente feito com isolamento das toxinas nas fezes ou no sangue. A pesquisa da própria bactéria Clostridium botulinum nas fezes também é possível. Nos casos de botulismo por ferimentos, não adianta examinar as fezes, é preciso procurar pela bactéria da ferida ou no sangue. Quanto mais precoce for a coleta de material, maior será a chance de encontrar toxinas ou bactérias presentes.


Todo paciente com suspeita de botulismo deve ser imediatamente internado para acompanhamento da função respiratória. Existe um antídoto para a toxina botulínica, chamado soro antibotulínico (SAB). “Esse tratamento, porém, só atua contra a toxina circulante no sangue, ou seja, contra aquelas que ainda não se fixaram aos nervos. Portanto, quanto mais precocemente o soro antibotulínico for iniciado, maior será a sua eficácia”, explica o médico.


Antibióticos, como a penicilina, podem ser usados nos casos de botulismo por feridas, ajudando a eliminar qualquer bactéria que esteja se reproduzindo dentro das lesões. “Em geral, a maioria dos pacientes que recebem atendimento médico e cuidados respiratórios precoces apresenta uma recuperação completa ou quase completa, podendo voltar a exercer qualquer tipo de atividade. Por outro lado, os pacientes com doença grave e/ou demora no início do tratamento poderão permanecer com sequelas”, ressalta.

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