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Depressão leva jovens ao suicídio

Dados da OMS apontam o Brasil em 11º lugar no ranking mundial de países com maior número de casos



Faz quatro meses que a família de uma adolescente de 16 anos de idade tenta superar a perda traumática da adolescente, que vivia na cidade de Monção, no interior do Maranhão. A jovem tirou a própria vida e foi encontrada morta, no próprio quarto, onde gostava de passar as horas. Na ocasião, a polícia investigou supostos abusos sexuais sofridos pela garota dentro de casa, cometidos pelo padrasto, motivo pelo qual a menina teria recorrido ao suicídio. Fato é que a garota já vinha apresentando sinais da depressão, segundo parentes mais próximos e alguns amigos, mas ninguém foi capaz de desconfiar que aquele sofrimento a estivesse levando para as profundezas da doença que hoje acomete muitos jovens no mundo inteiro. Tabu O fato do suicídio ter se mantido tabu por muitos anos não adiantou, pelo contrário, só agravou a situação. “Os adolescentes sentem que não precisam ou que não podem conversar sobre esse desejo de tirar a própria vida por medo de julgamentos na família e entre amigos, na escola, no bairro”, defende a psicóloga Joelina Abreu, do Hapvida Saúde. A especialista entende que é preciso falar sobre prevenção ao suicídio e esclarecer sobre os riscos de silenciar os problemas. “Falar sobre o assunto mostra que todos nós nos tornamos um tanto guardiões um do outro, vigilantes públicos”, destaca a psicóloga, ao lembrar que o suicídio tem relação direta com problemas sociais e familiares, portanto, há como ser evitado. Personalidade Ao contrário do que muitos podem pensar, a depressão juvenil não é um problema da adolescência. Ele começa a se instalar num momento delicado e crucial da vida de todas as pessoas: a infância. Segundo a psicóloga do Hapvida, é na formação da personalidade que a família mais precisa oferecer suporte e harmonia à formação do indivíduo, dentro de casa. “Até os 7 anos de idade, em média, nós formamos o que chamamos de personalidade. Nessa fase, a família precisa oferecer um cenário de conforto emocional e de equilíbrio racional para a criança. Assim, ela vai crescer sabendo lidar com emoções, principalmente, com as frustrações”, revela a especialista. Essa harmonia proporcionada na infância não tem relação com o tipo de família, pondera a psicóloga. “Não importa se os pais são casados ou separados, se é uma família hetero ou homoafetiva, se a criança é criada pelos pais ou pelos avós. Essas questões são extraordinárias, oriundas de padrões de vida que variam de acordo com os valores que cada um carrega. Mas em todos esses lares, o amor, o acolhimento e a compressão devem ter sempre o maior peso”, orienta Joelina Abreu. É claro que, mesmo com todo esse suporte, algumas famílias experimentaram o sabor amargo da perda precoce de um parente que se suicidou. Não se pode negar que fatores externos, como um stress em uma situação de perigo, ou de ameaça, coloquem o adolescente em conflito interno. “Todos nós fomos adolescentes e passamos por momentos de querer desaparecer do mapa, porque é natural você se sentir estranho nessa fase da vida, em que não se é adulto e não se é mais criança, mas o pensamento suicida real é potencializado em mentes vulneráveis, justamente as que não foram incentivadas a buscar o lado positivo de tudo, desde a infância”, diz a especialista. Prevenção Dados da OMS – Organização Mundial da Saúde – mostram que o Brasil aparece em 11º lugar no ranking de países com maior número absoluto de casos de suicídio. A cada 45 minutos, um brasileiro tira a própria vida: são 25 brasileiros que se suicidam por dia no país. O dado é mais preocupante quando se identifica que o suicídio é a 2ª maior causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos, de acordo com a ONG Centro de Valorização da Vida, uma das principais que monitora e estuda os casos no Brasil. Com base nessas estatísticas, nasceu a Campanha Setembro Amarelo, que visa justamente prevenir o suicídio. “Amarelo é a cor que alerta os motoristas no semáforo; assim tem que ser na vida também, as pessoas precisam se ligar nos sinais para dar apoio e amor, os melhores remédios na cura da depressão”, explica a psicóloga. O dia 10 de setembro é a data escolhida para se refletir nacionalmente sobre o tema.

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