O isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus levou boa parte da população a passar mais tempo on-line. Para os adultos, home office, reuniões, lives, ligações por chamadas de vídeo são alternativas que ajudam no cumprimento dos compromissos em meio ao isolamento. Tanta exposição às telas causa desconfortos oculares, incluindo os pequeninos, que precisam assistir às aulas de forma virtual e pela tela do computador.
De acordo com o médico oftalmologista Eduardo Camilo, do Hapvida Saúde, os sintomas mais comuns são. “Dor de cabeça, embaçamento da visão para perto, dificuldades para ler, ressecamento dos olhos com sensação de areia e coceira. Esses sintomas não refletem necessariamente uma doença, mas um cansaço visual”, explica o especialista.
A estudante Ana Gabriela, de 9 anos, passa a maior parte da manhã de frente para o computador, acompanhando a aula on-line. A mudança na forma de assistir às aulas é recente, mas os efeitos da exposição já podem ser sentidos pela aluna do 4º ano do ensino fundamental. “Minha aula começa às 8h e no começo achava muito legal assistir de casa, mas agora fico cansada, a vista fica exausta e quando termina só quero descansar”, conta.
A mãe da estudante, Kath Aragão, já se preocupa com a exposição e sabe que, o quanto antes, precisa levar a filha ao oftalmologista. “Há alguns dias ela vem reclamando de cansaço na visão logo que termina a aula, sei que quando esse momento passar vou precisar levá-la ao especialista para investigar a causa”, reconhece.
Segundo o especialista Eduardo Camilo, durante a pré-adolescência e antes da fase adulta é muito comum o uso em excesso (após 2 horas) de aparelhos eletrônicos que podem causar danos à visão. “Síndrome da Visão do Computador (CVS) e o agravamento da miopia e da hipermetropia são algumas doenças causadas pelo excesso”, informa. “Dores de cabeça, olhos vermelhos, olho seco, coceira e problemas de focagem após estudar em computadores ou assistir à televisão podem ser sintomas de doenças oculares. Isso ocorre porque durante o uso dos equipamentos nossa visão é constantemente forçada a focar, desfocar e mover para frente e para trás, com o intuito de destacar aquilo ao que queremos dedicar nossa atenção”, alerta.
Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) apontam que entre 70% e 90% da população mundial sofre com desconfortos visuais ao longo do dia, principalmente depois do uso contínuo de eletrônicos. Entre as crianças, cerca de 20% em idade escolar apresentam problemas de vista. A miopia é a campeã e já é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a epidemia do século.
Pequenas atitudes, grandes resultados
Para reduzir os danos, é possível tomar pequenas atitudes que podem fazer grande diferença na saúde ocular. Confira as dicas ensinadas pelo oftalmologista Eduardo Camilo!
Ajuste da iluminação
“Em um espaço bem iluminado, a luz direcional da tela fica menos agressiva aos olhos. Importante ressaltar que o foco de luz não deve estar virado diretamente para o nosso rosto. Também é preciso verificar a luminosidade da tela, em ambientes mais escuros, por exemplo, é desnecessário um nível alto de brilho no display da tela”, alerta.
Ajuste da postura e da altura da tela
“No caso do monitor do computador, por exemplo, a tela deve ficar na altura da linha dos olhos e a distância deve ser de cerca de 50 cm. A postura corporal também é importante: opte por uma cadeira confortável em que seu corpo não fique curvado para a frente e não cause pressão na nuca”, orienta.
Piscar com mais frequência
“Enquanto usamos as telas de eletrônico o índice de piscadas pode reduzir pela metade. Piscar mais vezes vai te ajudar a reduzir o déficit na hidratação ocular e a sensação de olho seco”, ensina.
Regra do 20-20-20
“A cada 20 minutos de uso do equipamento eletrônico, faça uma pausa de 20 segundos e olhe em um objeto que esteja a cerca de 20 metros”, aconselho.
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